sábado, 14 de maio de 2011

Radio na Cabeça



Fui obrigado a ser assim o mais rápido possível, como uma fruta que amadurece tanto ao ponto de apodrecer e não cair ou ser escolhida para degustação.
Apodreci.
Não sei se moro mais em mim.
Vivo com ausência do meu espírito. Meu corpo pintado com esses traços de virgem para esconder uma inconstância existencial libriana.
Eu sorri um pouco ao reencontrar uma pessoa do passado, fizemos cenas e brincamos de jogar palavras pro alto, ela não me é muito importante, no estado em que eu estava não sei se alguém conseguiria ser, para conseguir me arrancar um sorriso, porem ao ver aqueles olhos castanhos cor de mel a gritar saudades dos tempos em que ainda tínhamos esperanças de ser feliz e aqueles toques a me ler por completo em uma tentativa frustrada de achar-me dentro de mim, veio o abraço e eu sorri. Talvez ela tenha sido importante algum dia.
Nunca conseguiram ler algumas palavras bruscamente riscadas em meu corpo, elas não são tão expostas assim, talvez esse seja o motivo.
Pelos corpos que passei e pelos que por mim passaram; eles conseguiram ver nitidamente letra por letra-palavra por palavra, mas estavam mesmo afim de prazer, não desvendar um quebra-cabeça que faltava muitas peças e que nunca conseguiria ser montado nem pelo próprio de quem se riscou, não os culpo, brinquei de amor no silencio enquanto em voz alta nos parecia apenas mais uma de muitas outras madrugadas de prazer.
Queria muito tocar novamente a alma, aquela que nem sei se a mim pertence mais.
Sim, por um longo tempo eu a senti gritando desesperada sobre cada centímetro de algo vital que havia no meu corpo, era uma boa agonia pensava eu, achava isso um sadismo brilhante, pois gostava de me ver em fragmentos junto a ela, que até hoje eternamente sofre por ausência de vida.


Lúcio California

domingo, 1 de maio de 2011

Sobre um dia de Segunda-feira.

Era azul misturado com branco.
Nós poderíamos pensar ter sentido o céu nos invadindo como se fossemos pedaços que lhe faltava, e éramos.
Aqueles olhos felizes e confusos que conheci há décadas, no interior mais profundo da alma que até tu às vezes desconhece-te-de-si, me lembrava vagamente. Você os escondia de mim, nunca tive medo de perdê-los da memória guardada, e em algumas ocasiões jogadas ao vento, ao mar.
Aquele pequeno toque medroso, inseguro e instintivamente animal com vontade de me rasgar para se entregar loucamente ao desejo mais cruel e traidor da alma, escondido no fundo do eu morto, quase desconhecido, abandonado, talvez existente.
Um quarto grande para os amores escondidos, traições, sujeiras e por alguma significante diversão, aquela pura mesmo, sem intenções ou maldades.
Seus olhos...
Me disseram coisas que você não queria, e escondia em plena Minguante mudança do ser ou uma provável Crescente, nunca saberei.
Palavras desconhecidas, outro idioma e alguns retardantes de sono, só para não dormir e correr o risco de esquecer.
A lua foi postergada pelo café que tomávamos e cigarros fumados aleatoriamente. A primeira que nos veio foi aquela;
de voz rouca e grave. Logo após; alguém doce, simples e que nos acompanha pela noite, aquela que nos chama para acordar pela manha com a chuva, você sabe quem.
As estrelas era nossos olhos fugitivos, que também escondia alguns planetas que apareciam devido ao afastamento do Sol.
Chama-se Yellow, o botão que te dei, também é o nome da música que te escondi por alguns anos, não sei porque, talvez para nos poupar algum sofrimento ou sentimento de ... deixa pra lá. Aquela que falava do meu amor, por ti. Que existiu...ou existe, não sei.
Aqui novamente a falar sobre retardantes do sono, palavras desconhecidas, piadas velhas. E eu te pegando pelos olhos e você me pegando a te olhar.
Não consegues me olhar sem que eu não perceba, sempre percebo. Quanto a você, não sei ao certo, sempre fugindo, não sei ao certo, repito.
Não precisa se preocupar comigo, sei me cuidar. Já te disse, apenas começarei quando juntos começarmos ou juntos pormos um ponto final. Ou mesmo, em alguma hipótese deixarmos de lado, às vezes é uma saída quase justa de ser analisada.
Tanto faz e Em fim, nome das estradas por onde caminhas. Esse eterno jogo de... de amor de bolso, de dedos, de carência, de verdade, de ilusão, de algo que talvez não saibamos ao certo o que.
Aquela velha imagem para os alheios que acham saber de algo, deixarei-os achando.
Não me importo com esse tipo de coisa, de achar algo em alguma coisa que blá blá blá blá.
O que é Felicidade pra você?
Sempre te fiz esta pergunta repetidas vezes. Quando a vi no filme, me tocou forte, pois nunca havia feito-a pra mim.
Eterna felicidade é aquela que quando ao encontrar o fim do arco-íris possamos desfrutar do que nele tem, O pote de ouro. È uma felicidade que sabemos ser concreta, é o eterno amor misturado em dois corações destinados a ser um. Uma suposta resposta.
Quanto a nossa felicidade, ela vai andando por ai. Sem pernas. Apenas com o soprar do vento, por enquanto separadas.
Quem sabe um dia encontremos o caminho para o fim do arco-íris!
Juntos ou não, quero sempre te ver a sorrir.
Assim como os olhos que hoje vi. Aqueles distantes de mim há tempos.
Flores, borboletas e beija-flores trazem consigo a primavera.
Cafés, cigarros, filmes e acerolas nos trazem algumas felicidades que são instantâneas,e as vezes nos faz seguir em frente.
Então que assim seja; Em frente.
Como os ventos que vão...
E se perdem.
Ninguém nunca soube se eles se encontraram em algum lugar, e ninguém nunca saberá.


Lúcio California