quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

No silêncio dos olhos




Você inteiro silêncio: teu corpo linguagem vestida desconhecem minhas mãos língua e suor teu pensamento. Sempre distante. Veio outro, aparição ao olhar em curso disperso em dia qualquer sem espera alguma fora apreendido pelo já tateado, a distância aos leves passos vindo sereno, me parecia o conhecido que havia tocado muito pouco e perto aproximando-se notou a visão: outro.
Não identificado. Esse me puxou o queixo com frias mãos, o clima serenava ao redor nosso. Olhos de pedra: cristais castanhos rochosos dilatados não se estranhavam, mesmo você outro: sério em ausência de som na quietude em frente a mim. Colunas de concreto acinzentadas dimensionando a mostrar distâncias existentes entre riscos de baunilha no céu anoitecendo dormindo o sol para conosco deixar escuridão que resistia firme grossa concreta na ausência da lua que nascia vagarosamente não aparecendo ainda e o chão áspero que pisávamos, começavam iluminando, lamparinas da cidade, amarelas luzes o banco aonde ocupávamos em misterioso desejo: quereres. Alinhado olhar de pupilas alargando-se mais. E o tempo caindo. O gelado da tua mão me começou achegando o rosto ao teu, aproximados lábios que devorar queriam, mantinha embaraçado corpo presente que a ti direcionava olhar de perto agora. Observava facetas minhas, tu, sorrindo em calmaria, se desenhavam horizontes estreitos de difícil alcance em seus olhos que se reduzindo pela brasa do ancestral indígena que também tragava o fumo eram as janelas do templo teu que engoliam lentamente meu olhar. Camada de sal sentida por tua mão, –ti– ,Você conhecendo meu corpo com olfativo mistério para com os dedos cruzar alguns caminhos que não havia ainda, –ti– ,caminhado, Você silencioso ainda, parecia para sempre assim, olhando ora como esse outro ora como já conhecido ora como um estranho de si, –ti–, Você Flôr sem raiz alguma e não conseguia te tocar inteiro a semente do pensamento. Quês querências e afeiçoamentos passeavam interrogativos meu hálito em tua pele também minhas mãos procurando suspiros do terreno incerto teu e movimentos ágeis à língua na boca minha respondendo a tua que nada em ti é eterno.
Uivarei, pois lobo sou. E em teu silêncio bebo. Me alimento do enigma que se tornam meus olhos vendo-te, assim sendo: são nossos olhos as existências que se absorvem –os meus assim vagarosamente caindo no precipício abismo coisa bruma desconhecida tornando-se. Teus: Seus. Pertencentes a esse alimento oculto aos olhos da razão– é sentir-se perder-se – é não compreender– .
Para só assim: Poder beijar-te o pensamento.

                                                             
Porta-retrato do mar,