domingo, 24 de maio de 2015

Adiante do som








As ordens se anularam
e tomaram corpo
sons vindos do tempo.

Anterior se inicia
à sangue e ossos
à água e região
à palavra:


Dentro do espaço escuro
desconhecida habitação
espaço escuro do corpo nascem :


E se começam.

Pedaços de desejo desembrulhando a pele temperamental; cortês e insana e contorcida a matéria; lascívia , convoca carne vibrante,  contato do outro, à satisfação da volúpia, como repetidas epiléticas recaídas de um viciado em sua realidade chama à sorte a fronteira.

O corpo autônomo do controle da vida humana se apodrecendo à garganta seca e as correntes do gosto desaguando sem percurso, à qualquer deriva, ao outro, por desejos de olhos cegos que famintos se enrijecem à dor, e na força em habitar um só instante, se volteando à fora na execução, voltando-se a dois;  corpos alimentados.
Se abre o horizonte no olhar d’um n’outro a visão.

a mostra, nua
à pele
expostos sentidos e sensações
volúveis ao gozo

movidos à insistente fome
sexos alimentados
caçadores incansáveis
de sonhos, pele e sumo
vão se acabando
partes, água e tempo
sob o espectro
do inacabável desejo.

E se são em cortes fundos na carne
seus corpos de facas que se afiam
que se memoram agora
no pensamento atrás do desejo.

Porta- retrato do mar.















sábado, 16 de maio de 2015

Territórios de ar


- Hoje, eu vou pisar na terra.

Foi, então.

Me veio, o farol
- o sorriso que me abraçava, mesmo coberto desengano em à flores e cheiros à e melodia de muito longe, desafinado e belo fone, à outro, e os pequenos olhos, pequeninos tímidos, escondidos; doces, doces, quase caramelados; De lua cobre refletida em rio profundo; misterioso e de turva cor, e entre pétalas vermelhas ainda rosadas; convite à metáfora por onde entraria minha língua e boca e braços e eu-todo: inteiro, nesse você sem corpo, só natureza;

rio profundo que caiu no calor do sertão,
derramando-se sob outros braços e começos e chãos,
que me cercou tua água, desejo embriagado não ancorou
e bebia-te o resto de sal dos mares na face, que entre as geografias
cruzara mares tantos, águas tantas  até chegar aqui,
 e aqui me entregava a memória que registrava de ti e enquanto assim fazia, cegava-me
ao horizonte, horizonte qualquer.

- E-se, se seguro a palavra à boca que tanto saliva á tua presença, não importa se desconhecido; os desejos de quê? Se devoram.
Silenciosos e distantes:
próximos o suficiente do calor das mãos caçadoras e cheias de terra,
encontrando e se perdendo, se encontrando uma a outra; buscados novos territorios,  e só nos resta a força para sentir; desconhecidos territórios,  enquanto é-se, a força o que equilibra a consciência a não expurgar-se do corpo; territórios de ar, nada ao redor dos olhos, fechados abertos a nós, nada além, ei-los; ciclopes com janelas de vidro.

-Eu estive lá.
-Eu estou aqui.
-Eu estive lá.
-Eu estou aqui.

Um farol sóbrio no presente sem memória desaparece a medida que os ponteiros do relógio na torre a beira rio; violentos, severos e fugazes ,o faz esquecer da forma, suposto tempo solido no acaso, e que o frio logo vem, e as raízes precisam migrar as memórias a luz no sinaleiro
E um dia, o sentido se mostra geométrico, e sensível a se perder novamente na existência das horas.

Um dia ele cai a apaixonar-se,
enquanto as águas do rio,
mudam-se a outra parte.

Porta-retrato do mar.






terça-feira, 5 de maio de 2015

Terra I



Me abrigo no espelho, o invado, sou; ando ao teu olhar, e o que nos é limiar?
Fertilizado solo, conforto as costas caídas, corpo de areia que abraça desfeito
e os grãos te cheiram a pele e o suor e os pelos e por dentro da pele
respiram-te os ossos e alojam-se solitários nos músculos.

Deformado; irregular, triste.

Me perguntas, homens que és; do tipo teu, a beira dos meus olhos
tua boca curiosa, às palavras ausentes nas fronteiras nossas,
que nunca houveram de ter imagem, só desejo e corpo e fado
o porque do vidro delas, do nada delas e do nada em mim;
Eu, Rita assassina, envolvida a pele no verbo das coisas e silenciosa
a mente viva.
Vive Tu, a tua alma.

Beija, toca-me e engole com vigor os restos mortais e,
a cerne faminta de sede, à água; excremento, perda
perda, perda de calor, deseja a evaporação do corpo;
quedas, drástico liquido morto; inocente orvalho salino
violento, decidido, ávido: desejo do corpo meu.

E no âmago; veias secas e ossos desunidos
a mente não enciúma-se aos teus outros gozos e mascaras
que sorrisos com olhos, braços voluntários, noites de luar
necessitas tu, acorrentada criatura ao culto pulso de amar.

Lá, aonde outros falam por si mesmos; plasmas soltos
as gavetas são fundas
os corredores sem saída, a flora silenciosa,
o Minotauro, adormecido.
E as raízes meu homem triste, andam sob a terra.

Rita,