quarta-feira, 19 de março de 2014

A Rosa Vermelha






Provavelmente a mãe morreu, pensei.

Carregado nos braços peludos e fortes de uma pele que tem o pecado como sentido.
Assim muito jovem e inocente, não compreendia o cheiro do animal suado.
Pura testosterona.
Com o saco cheio da vida e tensões sexuais não aliviadas,
que só davam mais volume.
Tão másculo, e com seus atributos dotados de potencias e tamanhos.
Alguns marcando a frente, enquanto outros o verso da calça.
Delineando formas que convidam os olhos, conseguinte a boca.
Conhece-los.
Prova-los.
Aquele Homem que eu avistara.
Tornar-se-ia o preenchedor dos meus espaços vazios.

Em casa, já quase rendida,
cercava-me o desejo dele dentro de mim:
Lambendo-me os seios, a fazer todos os filhos necessários
para uma nova Era.
: - Somos quem há de povoar um novo mundo.

Pus então, Chico Buarque...
- O meu amor...
   Tem um jeito manso que é só teu...

Me despi.
Para então com os dedos a lamber e navegar em meu corpo,
imaginar,
o meu amor, introduzir nesse conjunto vazio,
os números e as vezes a eles representados,
a infinitude.

Navegando em mim.
Senti Aquele Homem me aromatizando com teu suor.
Teus braços peludos a me invadir e tua língua a lamber minha orelha,
pescoço, e finalmente meus seios.

Falei sussurrante : - Quero te alimentar meu menino,
                              homem-meu.
                              Beba-me.

Seu Falo totalmente ereto, encarando-me, dizendo com sua espessura
e precisão cilíndrica em vermelhidão-rosada na forma circular-oval, sua Cabeça,
que meu ventre é um alimento sagrado, por tanto tempo esperado, é a recompensa
por seres meu Herói, merecedor de todas as cavidades que pudessem ser preenchidas.

Provei então do alimento teu no meu e nos devoramos.
A dor daquela imensidão entrando em mim, me fez sentir-se infinita.
Transformei-me em um conjunto Ilimitado.

Tua língua lubrificava meu pescoço,
que queimando implorava por barba roçando a fazer.
Suas veias que também demarcavam tuas virilhas, braços e peitoral,
eu as queria dentro de mim.
Quando me falou animalesco que seu amor iria expelir.
Pedi para bebe-lo.
Oceanos haviam sido provocados dentro de mim,
aceitado o desafio,
desaguaram-se pelos cantos da casa,
e naqueles momentos,
senti-me-ser o que move a Vida.

Ora que derramaste em mim toda sua pureza, virilidade,
também teu suor de animal.
Dê-leite-me com teu sêmen,
parte dividida da duplicidade humana procriadora,
ordenei pouco lucida.

Fugia da equiparação de todos os líquidos por
nosso organismo exigidos.
Ora, não precisava mais de água.
Tornei-me a Vida, em sentido e proporção.
E fui naquele momento suficiente a qualquer coisa.

Aquele Homem que passara sem me notar todos os dias,
me possuía pelo resto da vida,
ao passar-me, os dedos pelo corpo.

Porta- retrato do mar.

3 comentários:

  1. uauuu bellíssimo texto..imaginei tantas coisas..e que com certeza quem o ler vai se imaginar nesse mundoo..quem nunca se sentiu possuída por alguém pelo resto da vida?

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  2. Adorei o texto, maravilhosa a conexão lúdica, c a intensidade realista, muito bem, descritos os detalhes, sensação de viver a personagem.

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  3. intenso, profundo, sábio, real, molhado, único, consciente, sensível, persistente, provocador, encantador, sedutor, aliciador...

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