domingo, 1 de março de 2015

Vento I




Me joguei nua, Sérgio, na cama.

Antes deixando passos molhados no caminho seco da casa

Assim como todo meu corpo de parede envelhecida já sem cor. caso desejes me vir a um encontro.

Vencida pelos dedos mirrados da água corrente, rio sabor do teu suor, abatendo minha carne para limpa-la do que trago, resíduos das trevas de lá fora.

Apago cigarros nesse pedaço de carne vencida.  pedaço de nada entregue ao deus do não existir.

Correnteza de descrença absorve o vento da canção de flauta e eboé.

Eu, Rita: Assassina.

Embaixo dos teus suores, bebo-te o sumo do gosto. e quando com tua mão de homem, abre minha boca perpetua de teu liquido se alimentar, esqueço-me de primata quieto e misterioso que sou. sendo seio materno saciando lábios, exército de touros, sou a nós; mulher.

Procuro a cura para esse corpo que a ti se acorrenta a entrega do pó, quero que outros existam.

Sou ilusão, Sérgio. sabedoria carregas em me abandonar.

Sou de verdade calor. Sou de verdade vento. Suor e varanda.

Uma poeira melancólica de lábios enganos com sangue de vaca sagrada; Mãe tempestade e Pai incompreendido.

Ao mundo, nua. Inteiramente sua, meu homem triste.

Me perdi ainda menina nos versos que a noite me soprava em vida.

E se não me permites soprar, negas quem sou. Negas meus homens. Negas minhas mulheres.

Me negas.

Não te ausente das palavras. Sorria-me com os olhos. Anule-me com força. Cumpra a profecia.

Apenas existes pelo movimento. escuros cegos dos olhos que se fecham para existires.

Sua alma nômade desse corpo teu, imagem dos meus dedos de curtas unhas e trêmulos de falecer te ditam retornar como um verso de noite. como nos anos de menina para me buscar a deitar-me no nosso lar.

Até adormecer e morreres nos caminhos dos emaranhados pés de espaços em branco.






Rita,

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