quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Imagens de satélite





Certo dia, estava Zé e Mamulengo De Cheiroso, dois homens com tuas sabedorias adquiridas pelas vivencias cotidianas e relatadas em esquinas, costumeiramente naquela cidade, aonde bares, como os do Senhor Questão, homem esse, bastante silencioso e pouco ativo na voz, que com minuciosa curiosidade de entender os fonemas pronunciados por outrem para melhor conseguir tocar sua primeira pessoa, atentava-se aos espelhamentos e o tempo-estrada percorrido para essa absorção. Encarregava-se de receber o dinheiro do consumo de seus clientes. Pouco sorria, agradecia de forma duvidosa e observava atentamente todas as anunciações feitas enquanto ocupava aquele lugar; dono do bar gerente caixa. Escondia de todos, um grande objeto, O Questão. Como já esperado, assuntos pertinentes a bundas sentadas em uma mesa de bar-esquina ou qualquer que seja outra, a localização, sendo assim-bar, por O Questão, emergiram primeiramente á questões mais liquidas, vindas de águas dos rios lamacentos que acabam, cedo ou tarde, chegando a existência dos pronomes presentes, as “banalidades” rotineiras dos mesmos.
- Aquele homem de ontem a noite, sentado hoje-agora na mesa próximo ao junkebox, me lambeu os seios enquanto tocava minhas virilhas e eu tinha vontade de chorar quando o suor dele exalava instinto de fome que devora pobres pessoas dependentes dela satisfeita para olhar o mundo com os pés firmes no chão, sabe, está passando a língua entre os lábios avermelhados carnudos dele, olhando para mim, me desejando a língua, todo o meu corpo lamber. Disse Tu a Ella.  A mesa vizinha, que de mulheres outras, aparentemente pudicas pelas falas de repressão e roupas menos curta que as mulheres quais estavam abismadas usavam, esperavam gananciosas homens com ar de riqueza, prováveis cacetas com liquido em cifrões, DNA do conforto para o resto da vida, disfarcadamente por “ mulheres para casar”, faziam caricatas fêmeas ofendidas na virgindade santa.
 - Acho que minha mulher está me traindo com um homem de maior tamanho de pau. Pensou alto, pronunciou-se oralmente após 5 doses de uma cachaça qualquer que Elle tomava para ser visto como integrante da interação no grupo de futuros engenheiros do ultimo período na universidade, grupo de cinco belos jovens rapazes em forma de desejo, aonde três desses escapavam  em dias específicos  do mês para realizar seu prazer anal com transexuais da cidade vizinha e satisfazer sua sexualidade tão monstruosa com a menor culpa possível, afinal, se está sendo penetrado por uma figura feminina,- desenho esse, o correto para o ser que ele por obrigação tem que seguir, não a pratica  de coito anal, mas, a imagem causadora de menos culpa,que anarquicamente se é escondida atrás de uma mascara-chave que possibilita o transito livre entre aqueles rapazes cinco, também outros- Fora enquadrado por: corno de piroca, pintinho amarelinho do Gugu, engenheiro da ferramenta pequena, pelos grandes pensadores homens que ali presente, justificavam-se um ao outro, como manequim social sem nenhum  talvez beber-saber, somente água de macho: Whisky.
Sorriam seus rios, debatiam-se internamente se arrebentando como mares violentos, que furiosos se acabam na areia já úmida, manhosa terra, deposito de sal. Assim sorria O Senhor Questão. Não perdia a esperança, muito menos a conversa, e levado a uma distração de dez segundos por uma garrafa de bebida com esverdeado liquido, proibida no Brasil, que ele não comercializava, porem ingeria usualmente enquanto trabalhava, simultaneamente atento ao dinheiro e anunciações, que caíra “misteriosamente” da terceira fileira de bebidas sem rotulo no reconfortante tapete indiano que mais parecia um amortecedor de objetos com possibilidade de fragmentar-se em cacos, o fizera abaixar para retorná-la ao seu local de alcance visual, e quando volteou o olhar para o salão, teus ouvidos captaram uma questão pertinente a lembrança do que guardara desde menino, aonde aprendera logo jovem a construir.
- O Carnaval se aproxima, hein, Zé? Você irá comparecer ao bloco Redes-truques? Perguntou o boneco-homem Mamulengo de Cheiroso, com tua cara oval pintada a cor da pele, aonde grandes bochechas eram preenchidas por vermelha-cor, boca exageradamente aberta que pouco se fechava para pronunciar qualquer palavra e grandes olhos, sobrancelhas, Iris, e um assinalado nariz esticado pintado também a cor que correspondia a pele do homem.
Zé, homem-sábio, contador de historia de toda sua vida, também de sua família nordestina que lutara desde a primeira geração para sustentar de pé o corpo, com sempre pouca comida na mesa, questionou ao Sábio-Mamulengo sobre o conhecimento dele dessa palavra: Carnaval.
Com a caricatura do sujeito que o segurava, o boneco respondeu simpaticamente, forma essa, qual sempre se apresenta em cena, o seguinte: - Carnaval é o estado de representação!!!
Havia nesse momento, uma conexão invisível somente captada pelo olho do satélite-acaso, que formava uma linha perfeitamente reta, entre o olhar-fala do Mamulengo e o olhar-resposta do Homem-zé. Formava-se ângulo de triangulo eqüilátero, o olhar lançado pelo Senhor Questão que simultaneamente direcionava à aqueles dois, à aquela pergunta, à aquela resposta, com águas lodosas que começavam emergindo desesperadamente como um animal que descobrindo a carne certa para saciar sua instintiva fome, sente prazer, Nele, enquanto o seu tão procurado eu sofria com o pesar de todos os rios que desaguavam de uma só vez exorcizando toda possibilidade de chegar a primeira pessoa, naquele espaço-mar recebedor de matéria. E não se formavam ondas, aquelas águas, que  calmos fluidos, causavam silencio total e virada de olhar, dadas costas a tudo, estabelecimento lotado, anunciações, ângulos de triângulos, a procurar objeto escondido, após a pergunta feita  por Zé ao Cheiroso.- Cheiroso, Carnaval, então, é isso que somos nós?
Chegando ao porão do bar, que também era sua residência, Elle, o Senhor Questão, encontra diversos e incontáveis materiais que servem para construir sua trabalhosa coleção de mascaras. As olha com profundidade, aonde somente peixes assustadores que habitam áreas de regiões abissais conseguem ter, aquele olhar sobre existir. As olha novamente, em silêncio, sem estrutura perceptiva, as olha mais uma vez, dessa, como se tudo justificasse um não-significado. São mascaras que representam grandes nomes femininos do cinema, homens honrosos por seu sucesso musical, grandes literatos, filósofos, fetichistas assumidos, animais dominadores, plantas rasteiras, representações de elementos naturais e universais que foram uma por uma sendo estraçalhadas pela mesma tesoura que serviu a Elle para cortar linhas que sobravam quando costuradas características todas em seus devidos lugares estavam.
Os ruídos externos não chegavam ao espaço-estar Delle, e só o mesmo poderia ouvir a si. Ouviu todos os sons feitos por ele na vida em três únicos segundos como se tivesse sentido pela primeira vez, na ação de existir, as horas tomando-lhe a vida. Tudo estava fora do lugar que havia estabelecido como O lugar das coisas, e só via água, de diversas cores, águas, com diferentes bichos, águas.
Acalmou-se lentamente, também os líquidos assim fizeram. Fora até o bar aonde tinha fios de lembranças sobre o que era aquilo, e só lembrava d’àgua verde, d’àgua verde, d’àgua verde que estava na terceira prateleira bem na visão dos olhos se virasse as costas por poucos segundos ao caixa, e a pegou – a bebeu como se sua garganta fosse paredes de tijolos que faziam uma estrutura circular de algo cavado, um poço artesanal, que subiam esses tijolos com esse formato até a superfície que criaria espaço suficiente para abundante água abastecer a grande seca que inevitavelmente chegaria. Bebeu oitenta por cento daquele liquido que restava na garrafa sem nenhuma sensação ter, volteou-se de frente ao caixa com uma grossa voz que te chamava educada já repetida para poder pagar a conta. Recebido dinheiro, elogios feitos ao serviço, a estrutura e a música que permeava o ambiente, Elle sorriu um riso duvidoso. De que Elle, era o agradecido pela presença daquela pessoa em seu estabelecimento. As lembranças das mascaras se apagavam, assim como o esforço de lembrar no final da noite, o sonho vivido na posição anterior da lua. A medida que seu corpo digeria gota a gota d’àgua que fora engolida e a percepção de que somente um satélite captaria Aquela-Imagem em sua forma primeira, chegava-lhe como algo alcançável. Decidiu, após a presença do pensamento parecer-lhe real, ligar para Nasa e informar-se dos procedimentos exigidos para ser integrante e trabalhar no monitoramento de satélites que observam a freqüência dos raios solares no planeta terra e os níveis de calor que o ser humano e a natureza vem sofrendo durante o período de existência.



Autor: Porta-retrato do mar.

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