quarta-feira, 30 de julho de 2014

A-social.



E Eu, eu, eu ... Oooooooh
[...]

Ecoa em mim, esta voz: “ O que você quer fazer?” ao captar àquele homem dos olhos sérios demais.  As tardes de quarta-feira costumam ser exclusivas ao tédio, em sua essência.
Não houve ponto de partida, proliferou-se tão rapidamente que eu me vira possuída pela multiplicação que arrebentara o medidor de velocidade da criação, em meu corpo, aquela fala que acabara se tornando sussurrante, e olhava o zíper, todo o meu corpo , a esperar o convite àqueles objetos que se escondem por trás dos panos.
Trato aquilo da forma que meu corpo clama- e ele pede objetos.

Costumava meu corpo sentir vontade de expelir merda enquanto andava de ônibus, e um dia desses qualquer, que nem me lembro, descobri o por que. Tem a ver com as pessoas e a sua falsa limpeza, pudor, os olhos que lêem a mim pelo espelho da construção do ser ideal, seus objetos adequadamente alinhados ao corpo. Meu individuo atravessa toda essa convenção.

Tenho certeza que ele é pedreiro, cochichou meus dedos ao umbigo e continuava a fofoca descendo quente-quase-molhada para esquentar minhas coxas sobre o avistado.

Reprimi a merda, talvez tivesse que usar a entrada por onde se evacuaria os seres humanos mastigados e digeridos pela tolerância, acreditando ainda que a consideração de tê-la deixado na porta era bem mais próxima do real. O pau dele deveria entrar em contato com os seres que lida diariamente sem ter muita noção. Me parecia muito inocente e bobo, apesar de achar que o pau deve mesmo sair melado de merda- não quis arriscar essa liberdade que levei meses para construir com os cobradores do Circular Cidade, ele poderia ser religioso demais para entender a complexidade de um pau melado de merda e a sua relação com os homens-sociais, e seguia com a certeza que iria me possuir ou pelo menos acreditar nisso- as mulheres são especialistas nesse fazer, isso; fazer os homens acreditarem que são os grandes possuidores de tudo. Afinal- O homem adora exercer poder sobre o outro, e não importa por qual instrumento- O buraco do cú é singular comum aos dois sexos- E não importa ser cú de mulher ou cú de homem, trata-se de que comer um cú é pratica que domina, enquanto dar relaciona-se diretamente com submissão, pobre são os homens-assim.

Eu estava armada, sem sutiã, gostaria  em todos os meus momentos de caça, que os bicos dos meus seios ficassem molhados como se encontra a minha boceta.
Apontando estavam, os bicos, para a presa. Oscilante, pensei: “ quando me aproximar como uma onça faz, em teus passos leves e sintonizados a boca ao alimento e os meus faróis roubarem-lhe a visão dos olhos, empedrarar-se, esse homem, ao imaginar teus lábios carnudos em meus bicos fartos”

Fui.

Encostei felina em teus braços, olhei faminta tua face.
Sorri quase passivamente e meus olhos começaram um processo de mastigação daquela carne surrada.
Toquei suavemente teu rosto e murmurei: “Meu sexo te chama”
Sorriu, aquele homem, um riso inocente de quem não levanta o pau com facilidade, provavelmente a religião o adestrara psicologicamente.
Continuou apenas sorrindo, seu não movimento algum alem o do maxilar me excitaria mais ainda, e então notei seus pés; cheios de terra preta e depois as mãos; exposta uma grossa camada de lodo entre a pele e a unha, fizeram minha língua movimentar-se a umidificar os lábios, como uma sedenta de tudo aquilo e o movimento fizera então, levemente um volume emergir ao teu jeans desbotado.
Pouco cabelo cobria tua cabeça, provavelmente costumava passar a maquina. Para compensar essa subtração que havia na parte que foram construídas janelas, aspiradores e muitas vezes privada, animalescamente, coberto de pelo, teu corpo exalava cheiro de gente, do sovaco as virilhas, cheiro de gente viva, gente que se Fo-de, e era essa fúria que eu desejava que fosse despejada desde o começo, inteiramente em mim.
Sua camisa cinza toda esfolada espaçava  teu peitoral peloso da outra parte do pano, a não esfolada.  Constatei que ele trabalhava arduamente com as mãos, lembrei do lodo e as veias que eram tão grossas que poderiam ser introjetadas em qualquer entrada, frente ou verso, causaria ao espaço adentrado uma sensação enervadora que iria pedir cada vez mais e mais daquilo até ser preenchido conforme o desejo, crescia então , o pau, dentro da cueca, e era bem espesso-que bom, pensei- e por mais que essa vontade vulcânica de ser rasgada em pedaços me fizesse com que o adentramento acontecesse ali mesmo, no ônibus em movimento, com todas aquelas mascaras a nos olhar, que provavelmente fossem nos linchar do convívio social, esperei pacientemente todo sangue ser bombeado para aquele objeto até que ficasse inteiramente rígido.

Meus movimentos não foram discretos e facilmente passiveis de leituras diversas, daquelas que aproveitavam a situação para se masturbar ao chegar em casa, alguns outros com olhos convidativos, lambiam também os lábios na tentativa de ser aquele,dele, o pau a ser colocado em minha mão aos socialmente retangulares, como: Promiscua!, ouvi uma senhora gritar, com olhar de ódio que carregava uma garota com marcas de 12 anos atravessados enquanto chupava divertidamente o seu pirulito cabeçudo. Começaram  a me enterrar, uma tentativa meramente inútil, as pessoas do ônibus, havia um garoto com seus prováveis 17 anos, marcando com as mãos, induzindo meus olhos ao convite do grosso que fazia relevo em tua calça- estava em ponto de bala- pronto para atirar tudo em mim, o pau do garoto, os olhares do ônibus. Passara a ficar constrangido, o pequeno garoto com os tiros direcionados a ele, e seu pau murchou.

Egipciamente cantei aos ouvidos dele: “ Assalta-me o prazer. Há um oceano querendo afundar a tua garganta. Rouba-me esse momento. Quero gozar em você”

Porque é disso que gosto, do cheiro de gente, quero toda margem em cima de mim.
Pedreiros, cozinheiros, mecânicos, entregadores de cartas, garis, padeiros, marceneiros, mendigos, hippies, puxadores, skatistas, grafiteiros,camelôs, ...
Porquê todas as partes do meu corpo são órgãos sexuais e cegas para tua raça, teu físico, teu espírito.

Não sorrio o homem, seus olhos continuavam sérios, também seu pau, duro.
Portas abertas, pernas a caminhar, nenhum olhar para traz,
Desce, ele, naquele ponto.
Era muito deserto e ele começara a se benzer.

Águas escorriam pelas minhas pernas,
E ali mesmo, gozei.


Porta-retrato do mar.

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