sábado, 16 de maio de 2015

Territórios de ar


- Hoje, eu vou pisar na terra.

Foi, então.

Me veio, o farol
- o sorriso que me abraçava, mesmo coberto desengano em à flores e cheiros à e melodia de muito longe, desafinado e belo fone, à outro, e os pequenos olhos, pequeninos tímidos, escondidos; doces, doces, quase caramelados; De lua cobre refletida em rio profundo; misterioso e de turva cor, e entre pétalas vermelhas ainda rosadas; convite à metáfora por onde entraria minha língua e boca e braços e eu-todo: inteiro, nesse você sem corpo, só natureza;

rio profundo que caiu no calor do sertão,
derramando-se sob outros braços e começos e chãos,
que me cercou tua água, desejo embriagado não ancorou
e bebia-te o resto de sal dos mares na face, que entre as geografias
cruzara mares tantos, águas tantas  até chegar aqui,
 e aqui me entregava a memória que registrava de ti e enquanto assim fazia, cegava-me
ao horizonte, horizonte qualquer.

- E-se, se seguro a palavra à boca que tanto saliva á tua presença, não importa se desconhecido; os desejos de quê? Se devoram.
Silenciosos e distantes:
próximos o suficiente do calor das mãos caçadoras e cheias de terra,
encontrando e se perdendo, se encontrando uma a outra; buscados novos territorios,  e só nos resta a força para sentir; desconhecidos territórios,  enquanto é-se, a força o que equilibra a consciência a não expurgar-se do corpo; territórios de ar, nada ao redor dos olhos, fechados abertos a nós, nada além, ei-los; ciclopes com janelas de vidro.

-Eu estive lá.
-Eu estou aqui.
-Eu estive lá.
-Eu estou aqui.

Um farol sóbrio no presente sem memória desaparece a medida que os ponteiros do relógio na torre a beira rio; violentos, severos e fugazes ,o faz esquecer da forma, suposto tempo solido no acaso, e que o frio logo vem, e as raízes precisam migrar as memórias a luz no sinaleiro
E um dia, o sentido se mostra geométrico, e sensível a se perder novamente na existência das horas.

Um dia ele cai a apaixonar-se,
enquanto as águas do rio,
mudam-se a outra parte.

Porta-retrato do mar.






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