Vida...
Gosto
do gosto da boca eloqüente e da quietude das minhas vísceras. (olhos sem
material para enxergar a fraqueza dos ossos e dos frios parágrafos duros
pendurados ao calendário) e do meu invisível ancestral...
Vida...
Acinzentada
à previsão ao tempo que avisam os canteiros outonais nas janelas com enfileirados
cadáveres de fruto oco, os vagos legumes rasteiros e trepadeiras com buracos de
água, a seiva anêmica; introspectivos, e sem funcionamento os orgãos exalam o
espectro da aniquilação , o esquecimento eterno... mortalhas e gaivotas confundem as rotas e
confundem o destino?... E um dia ouvimos dizer que Tempo e Morte são
motivações originadas na mesma raiz;
Diferentes Iguais: um pulmão furioso que ocupa todo o mesmo frio azul no céu
dos dias, no todo esvaziado azul do céu desequilibrado a tom de madeira ensangüentada
amostra no semiárido da cidade, -basta ouvir-, em um corpo de
profundidade fugaz, –só um passo a
frente e se ouve tons por toda geografia preenchida com pele de peixe, vento e
clima–, de inesgotável carne que não mata a fome que se acaba, na boca mesmo, no inicio dos
lábios, nem tocam os dentes –Mal se começa: já se termina–, Um pequeno
encostar das peles na boca é sentido e mutuo hálito à uma hostilidade
desconhecida deturpam as diferenças com a bestialidade –Andrógena Criatura, sem
artigo a servir; meio esfinge meio centauro– meio transmissão de algo
peculiarmente perceptivo –...
Vida...
estrada, estrada, estradas vazias,
esgotada memória,
matéria à Criatura,
que não cessa a caçada,
que não cessa a caçada,
escrava de tua fome...
Autor: Porta-retrato do mar
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