terça-feira, 18 de agosto de 2015

Fôlego






Vida...
Gosto do gosto da boca eloqüente e da quietude das minhas vísceras. (olhos sem material para enxergar a fraqueza dos ossos e dos frios parágrafos duros pendurados ao calendário) e do meu invisível ancestral...
Vida...
Acinzentada à previsão ao tempo que avisam os canteiros outonais nas janelas com enfileirados cadáveres de fruto oco, os vagos legumes rasteiros e trepadeiras com buracos de água, a seiva anêmica; introspectivos, e sem funcionamento os orgãos exalam o espectro da aniquilação , o esquecimento eterno...  mortalhas e gaivotas confundem as rotas e confundem o destino?... E um dia ouvimos dizer que Tempo e Morte são motivações  originadas na mesma raiz; Diferentes Iguais: um pulmão furioso que ocupa todo o mesmo frio azul no céu dos dias, no todo esvaziado azul do céu desequilibrado a tom de madeira ensangüentada amostra no semiárido da cidade, -basta ouvir-, em um corpo de profundidade fugaz,  –só um passo a frente e se ouve tons por toda geografia preenchida com pele de peixe, vento e clima–, de inesgotável carne que não mata a fome  que se acaba, na boca mesmo, no inicio dos lábios, nem  tocam os dentes  –Mal se começa: já se termina–, Um pequeno encostar das peles na boca é sentido e mutuo hálito à uma hostilidade desconhecida deturpam as diferenças com a bestialidade –Andrógena Criatura, sem artigo a servir; meio esfinge meio centauro– meio transmissão de algo peculiarmente perceptivo –...
Vida...
estrada, estrada, estradas vazias,
esgotada memória,
matéria à Criatura,
que não cessa a caçada,
escrava de tua fome...


Autor: Porta-retrato do mar

Nenhum comentário:

Postar um comentário